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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Breve reflexão sobre a igreja brasileira


A modernidade anunciou o triunfo da Razão. Ela representou a possibilidade de construção de um mundo novo, de costas para o passado medieval, contra os valores morais e teológicos predominantes na Idade Média.
Em seu lugar, impôs a racionalização do processo de produção, a impessoalidade nas relações, a dominação das elites que buscaram moldar o mundo ao seu pensamento, através da conquista de novos mercados, pela organização do comércio, a produção fabril e a colonização.
Nós, homens e mulheres frutos desta modernidade, como na transição do homem cristão-medieval ao homem econômico racionalista, permeia a transitoriedade, o incerto, ou seja, a angústia da falta de perspectivas; da insegurança com o amanhã; o medo diante da ciência, da sua capacidade de criar novos Frankenstein e sua teimosia em desejar substituir o Criador.
O ceticismo diante do progresso; a sensação de que perdemos os valores fundamentais que dão coesão à vida em sociedade; a impotência diante do Estado e dos processos políticos etc.
Os indivíduos buscam a felicidade sob o abrigo do pscicologismo da indústria de auto-ajuda, no consumismo, no misticismo e no intimismo. A realidade social não lhes diz respeito; treinam a insensibilidade e fogem, como o diabo foge da cruz, de qualquer compromisso coletivo com as transformações necessárias para humanizar o mundo real. Vivem nas nuvens e buscam algo na religiosidade para preencherem o vazio de seus corações.
É por isso que afirmo que vivemos uma religiosidade em que se fala muito sobre Deus, mas que definitivamente ainda não aprendeu a falar com Deus.
Por conta dessa busca de felicidade e do medo, é freqüentemente vemos em algumas denominações evangélicas - reivindicações, como numa reunião de sindicato, exigindo os direitos adquiridos na cruz.
As vezes pretendem ser o povo que dita as regras aqui nessa terra. Afinal, são “filhos do Rei”, e tem o poder de mover o sobrenatural em favor próprio, ou a favor daqueles que se sacrificam a ponto de ofertar até daquilo que não têm. Querem apenas os milagres, os feitos extraordinários, os sinais e maravilhas que Deus pode operar.
Em alguns segmentos da igreja evangélica brasileira, podemos observar um comportamento muito mais coerente com o Velho Testamento do que com o Novo Testamento, que reflete muito mais a lei do que a graça de Deus. Não são raros os relatos de situações que revelam um Deus raivoso, vingativo, castigador, duro, incompassivo, distante e impessoal.
Não podemos nos esquecer de que Deus revela sua imanência, também, através da presença do Corpo de Cristo no mundo. E é responsabilidade do Corpo de Cristo revelar um Deus ao mesmo tempo justo e gracioso, santo e perdoador, majestoso e amigo, Criador e Pai.

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